MitraClip: Procedimento inédito no DF de tratamento de insuficiência mitral ocorre no Hospital Brasília

O método percutâneo ocorre sem necessidade de abertura do tórax, diferente, portanto, de como é feito em uma cirurgia convencional.

Às vésperas do Natal, a equipe de Cirurgia Cardiovascular do Hospital Brasília realizou um procedimento até então inédito no Distrito Federal: a plástica da válvula mitral com implante de MitraClip.

Realizado com total sucesso, a paciente de 81 anos, que sofria de insuficiência mitral, permaneceu na UTI do hospital apenas um dia; e no apartamento mais um dia, perfazendo apenas 48 horas de internação. Com isso, teve a oportunidade de passar o Natal com a família.

Nesse procedimento, realiza-se um pequeno corte na veia femoral – na altura da virilha – e introduz-se o MitraClip, que possui estrutura milimétrica, mas longa o suficiente para alcançar o coração, em cuja ponta encontra-se uma espécie de clipe semelhante a um ‘prendedor de roupa’ ”, explica o cirurgião cardiovascular do Hospital Brasília, Dr. Marcus Vinicius Santos.

Ao chegar à válvula mitral comprometida, o clipe a grampeia e melhora a dinâmica de funcionamento do órgão, antes comprometido pelo fluxo anormal de sangue: em vez de ser bombeado para o organismo, como seria o habitual, voltava para o pulmão, causando complicações. Vale lembrar que todo o percurso do cateter é controlado por imagens de ultrassom (Ecocardiograma) e radioscopia da sala de hemodinâmica.

No Hospital Brasília, a iniciativa de realizar o procedimento começou quando o cirurgião cardiovascular percebeu que necessitava oferecer um tratamento cirúrgico da válvula mitral na paciente de proibitivo risco cirúrgico: portadora de marcapasso multissítio, idosa, com alteração da função renal e rebaixamento na função de bombeamento do coração devido a Doença de Chagas.

Em conjunto com a equipe multidisciplinar (Cirurgia Cardíaca, Cardiologia, Hemodinâmica, Ecocardiografia) identificou, portanto, que a paciente se encaixava nas condições para realizar o procedimento. Este, por sua vez, concluído sem intercorrências.

Nos dias que se seguiram à introdução do MitraClip, o acompanhamento médico demostrou que a paciente está sem os sintomas da doença no desempenho de atividades consideradas leves a moderadas, como banho, caminhadas, atividades caseiras. E o ecocardiograma de controle pós-operatório mostra resolução quase que completa da insuficiência mitral.

“Com o procedimento de plástica da válvula mitral com implante do MitraClip por meio de cateter, inauguramos uma nova possibilidade de tratamento aos pacientes cardiopatas mais debilitados que, além da saúde, têm de volta a oportunidade de realizarem as tarefas diárias, com significativa melhora na qualidade de vida e impacto na autoestima”, considera o cirurgião cardiovascular do Hospital Brasília.

“Além desses benefícios, a utilização de Mitraclip reduz, significativamente, o número de internações e seus custos correlatos, que no caso em questão são altos devido a repetidas internações por descompensação do quadro de insuficiência cardíaca”, conclui o Dr. Marcus Vinicius.

Indicações Aprovada pela Anvisa, a tecnologia já ultrapassou o caráter experimental e conta com aproximadamente 100 procedimentos em todo país. Apesar de ser um método novo, alguns planos de saúde já cobrem o procedimento.

A cirurgia da válvula mitral por plástica (conserto) ou troca (implante de prótese) é normalmente o tratamento de escolha para pacientes sintomáticos com insuficiência mitral severa.

Segundo o médico, a correção cirúrgica da insuficiência mitral resulta em melhora dos sintomas e prolongamento da vida em pacientes corretamente selecionados.

“Entretanto, há um número significativo de pacientes com sintomas da insuficiência mitral e co-morbidades extensas que os colocariam em alto risco cirúrgico tanto para morbidades quanto mortalidade”, conta o Dr. Marcus Vinícius.

Se o risco cirúrgico é considerado proibitivo, então os pacientes podem ser relegados apenas ao tratamento clínico com medicação. A literatura médica sugere que aproximadamente metade dos pacientes com sintomas de insuficiência mitral severa podem não receber tratamento cirúrgico.

Aos pacientes tem sido regularmente negado o tratamento cirúrgico devido a múltiplas razões, incluindo cirúrgicas cardíacas prévias, artérias aorta muito calcificadas, tórax pós-irradiação para algum tratamento de câncer, cirrose hepática, insuficiência renal com hemodiálise, queda importante da função de bombeamento do coração, idade avançada, entre outros.

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