Sobre os nossos apegos

Ao longo da vida muitas pessoas vão colecionando “apegos”, alguns um tanto quanto viciosos e inibidores da felicidade e outros mais flexíveis, que quando racionalizados permitem a quem os possui uma vivência mais consciente dos próprios limites e também possibilidades.

apegos

Ironia ou não a vida é feita desses apegos, alguns gostam de colecioná-los e divulgá-los, outros os escondem e temem que as pessoas descubram e algumas outras pessoas os possuem mas nem fazem ideia disso. Parecem que ligaram o botão do “piloto automático” e  desconectaram de si mesmas.

Mas o que são apegos? Como defini-los e qualificá-los?

Apegos são conhecidos também como hábitos, mas de uma forma pejorativa o apego ganhou uma imagem de algo envelhecido, rotineiro e um tanto quanto “negativo” se assim podemos dizer.

Talvez tenha esse aspecto de algo negativo por não proporcionar a quem os possui nenhuma descoberta, nenhuma surpresa ou novidade, pois tornou-se habitual, invadiu nossa rotina, nosso dia a dia  e muitas pessoas os fazem sem mesmo perceber que estão ali fazendo.

Esse “viver no automático” tende a ser uma forma contraproducente de viver, pois enfraquece a nossa percepção sobre a própria vida, os outros e tudo aquilo que de uma forma ou de outra nos compõem.

Alguns apegos são até saudáveis, outros nem tanto. Por exemplo, o apego em uma atividade física, em uma alimentação mais equilibrada e saudável ou atitudes diárias mais positivas que nos enchem de energia para vencer o dia são tipos de apegos que nos acrescentam, nos preenchem e recheiam nossa vida proporcionando momentos de bem estar, calmaria, equilíbrio e também felicidade.

Mas e aqueles apegos negativos? O que nos oferecem? Nada?

Pelo contrário, ele é aquele tipo de vilão da história que se mostra bonzinho, facilitador e cheio de boa vontade. Logo, logo ele te convence que “segui-lo” é o melhor caminho, mais fácil e também mais “rentável” a curto prazo.

Sabe porque?

Porque seguindo-o em algumas atividades e atitudes você tem a sensação de estar “ganhando” mais rápido, assim ele vai pouco a pouco  te tomando, ganhando espaço em sua vida, no seu dia a dia até que um dia ele resolve tirar a mascara e mostrar a verdadeira face.

Daí você percebe que deixou de fazer um monte de coisas, de conquistar seus objetivos, correr atrás de seus sonhos e ideais e um tanto de outras coisas que de certa forma caíram no  famoso “conto do vigário”, ou melhor o “conto do apego”.

Existem diversos exemplos  de falsas promessas que por vezes afirmamos e no final não realizamos. Essas de certa forma, refletem um pouco desses apegos negativos.

Sabe aquela vontade de ter uma vida mais saudável? Então, você até chega a se matricular em uma academia, compra roupas de ginástica, se empolga  todo (a), mas daí chega no dia seguinte… sua cama quentinha, aquele soninho gostoso pela manhã… e os famosos “cinco minutinhos a mais” e pronto! Perdeu a hora da academia, veio o desânimo e o apego negativo se  apresenta.

Ele aparece ali nos seus pensamentos sem mesmo você se dar conta… mas sabe aqueles “cinco minutinhos” que você logo de cara aceitou? É ideia dele que “ofertou” o custo/benefício que lhe pareceu bem agradável…

Esse é apenas um simples exemplo  que com a tomada de consciência pode ser alterado e recuperado. Mas o que dizer dos apegos mais ameaçadores? Aquele relacionamento sufocante, opressor e limitador que  algumas pessoas tanto insistem em continuar mesmo tendo aquela pontinha de dúvida se é o certo a se fazer? Ou os sonhos guardados na gaveta, a autonomia enfraquecida? E um monte de outras descobertas?

Sabe o que acontece com essas pessoas? Elas são encantadas pelo “galanteador” do apego que percebendo a tomada de consciência, logo lançam o pensamento de que os problemas passaram, que é apenas uma fase  e que o fulano ou ciclano irá mudar e te tratar melhor e que você num passe de mágica tornará uma pessoa mais feliz, realizada e autônoma que sempre quis ser.

Assim, alimentadas por essas “falsas promessas”  você continua por mais um ano..dois..três..quatro… e aí? Será mesmo que é o certo?

Penso que não. O certo mesmo é fazer o que se gosta, namorar, casar, trabalhar e viver tudo aquilo que o(a) deixa feliz e animado(a). E isso, não é fácil, mas também não é impossível. Só requer esforço, boa vontade, persistência e acima de tudo auto conhecimento para tomar consciência desses apegos tóxicos que estão por aí.

Se conhecer é maravilhoso e acredite, se conhecendo melhor você amplia a possibilidade de conhecer também os outros e um monte de coisas a sua volta. E sabe o que acontece depois disso tudo? Você se transforma!

Bom, existem diversas maneiras de se conhecer e a psicoterapia é uma delas, mas o combustível para tomada de decisão é a abertura e vontade de mudar, então isso eu deixo com você!

Lingia Menezes de Araújo
Psicóloga Clínica
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OBS: Todo o conteúdo desta e de outras publicações tem função informativa e não terapêutica.

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