Se você tivesse uma nova chance, o que faria?

Todo fim de ano é a mesma coisa: há uma profusão de abraços, que acabam deixando mais leves os ombros cansados de carregar o peso de 12 meses exaustivos.

Mas mesmo para quem acha que essa época é repleta de melancolia, enxergar as possibilidades de recomeço do ano novo traz fôlego e esperança.

A mudança de um número não muda nada, e muda tudo. Engraçado isso, né? Mas no final das contas, é importante lembrar que a nossa capacidade de reinvenção e de reconstrução é infinita.

O que não quer dizer que seja fácil.

Mas por que o processo de mudança tende a ser tão complexo e doloroso? Posso falar a partir do meu próprio repertório de vida. Há cerca de cinco anos, tenho vivido uma fase de despedida em relação a referências afetivas muito importantes para mim – meu pai e minha avó materna.

Doentes, elas buscam, valentemente, sobreviver aos reflexos da idade e ao tratamento de saúde pelo qual estão sendo submetidos. Vivi também, há exatos dois anos, a dor da separação, depois de compartilhar a vida por mais de sete anos com o, até então, grande amor da minha vida.

Estas experiências têm me feito refletir acerca do que faria diferente se tivesse uma nova chance.

Mas por que a vida não nos oportuniza voltar atrás e fazer melhor? Tem gente que passa a jornada inteira fazendo do mesmo jeito e, milagrosamente, espera por resultados diferentes. Não há mágica.

O bom da maturidade é que vamos entendendo que o erro de hoje é insumo para o aprendizado de amanhã. 

Olhando a partir de tudo o que já vivi até agora, faria muita coisa diferente: escutaria mais, em vez de falar; apontaria menos e acolheria mais; checaria mais a minha escuta, se o que entendi era de fato o que o outro queria dizer; estabeleceria uma relação de mais transparência e menos medo do julgamento; seria mais assertivo em relação aos meus anseios e vontades; concretizaria mais os meus sonhos e apoiaria mais a realização os sonhos de quem eu amo; cederia mais para evitar o desgaste; não só diria mais “eu te amo”, mas expressaria isso nas mínimas coisas; abraçaria mais e discutiria menos; daria mais importância ao todo do que ao detalhe; dormiria mais cedo para acordar disposto para aproveitar melhor o dia; me colocaria mais no lugar do outro; esperaria menos que o outro fosse como eu idealizei, ao mesmo tempo,  idealizaria menos para não me frustrar mais; olharia mais nos olhos; tomaria mais banho de chuva, propositadamente; me desconectaria mais para me conectar ao que verdadeiramente importa; teria dito mais sim, quando disse não, e vice-versa; participaria mais da vida do outro, mesmo que as minhas demandas internas gritassem por prioridade; seria mais autêntico e coerente com o que sinto.

Lamentavelmente, não temos a chance de rebobinar a história da nossa vida, mas podemos usar o que sentimos a partir do que aconteceu para reestabelecer novos olhares e posturas diante do que está por vir.

No final, o que conta mesmo é a nossa capacidade de sermos melhores um dia após o outro, reforçando os acertos e reformulando os erros, que essencialmente nos tornaram o que somos hoje.

E você, está feliz com quem se tornou? Que tal começar 2018 refletindo sobre isso?

 * Flávio Resende, 40 anos, é jornalista, empresário, coach ontológico e aprendiz das coisas do sentir.

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