90% das causas de baixa visual em crianças podem ser evitadas apenas com exame oftalmológico anual

Segundo o Conselho Nacional de Oftalmologia, cerca de 30 mil crianças no Brasil estão cegas por doenças oculares que poderiam ser prevenidas ou tratadas precocemente

A formação da visão humana ocorre essencialmente até os oito anos de idade. Nessa faixa etária, 90% das causas de cegueira e comprometimentos visuais graves podem ser evitados.

Os cuidados desde o pré-natal para evitar a transmissão de doenças congênitas; os testes para verificar a anatomia e situação do globo ocular logo ao nascer e a cada seis meses nos dois primeiros anos de vida; e o acompanhamento médico especializado periódico são estratégias para garantir a saúde visual das crianças.

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O dado integra as ‘Diretrizes de Atenção à Saúde Ocular na Infância’, do Ministério da Saúde.

Segundo o documento, erros refrativos como a hipermetropia (visão ruim para perto), miopia (visão ruim para longe) e astigmatismo (imagem distorcida pela irregularidade da córnea) são a causa de baixa de visão em cerca de 44% das crianças.

“Um simples exame oftalmológico anual, a partir de um ano de vida, pode detectar essas doenças.

Com uso correto de óculos, podemos levar a criança a enxergar perfeitamente e evitar esse problema”, afirma a oftalmologista pediátrica da Clínica Oftalmed, Luciana Dias.

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Segundo um levantamento do Conselho Nacional de Oftalmologia (CBO) publicado no livro Prevenção da Cegueira e Deficiência Visual na Infância, lançado em setembro deste ano, cerca de 30 mil crianças no Brasil estão cegas por doenças oculares que poderiam ser evitadas ou tratadas precocemente.

Além disso, outras 140 mil são portadoras de baixa visão, ou seja, mesmo após correção óptica, ainda são visualmente deficientes.

Entre as principais causas desta situação também estão doenças como a retinopatia da prematuridade, catarata, toxoplasmose, glaucoma congênito, atrofia ótica e outras alterações do Sistema Nervoso Central.

Por isso, avaliar o estado de saúde dos olhos do bebê assim que ele nasce é apenas o primeiro passo no cuidado com o recém-nascido.

“O cuidado e a avaliação da integridade dos olhos e pálpebras do recém-nascido é uma das primeiras tarefas de todo pediatra ainda na sala de parto.

Neste momento, também é preciso realizar a prevenção da conjuntivite neonatal, utilizando nitrato de prata ou colírios específicos”, explica a especialista Luciana Dias.

TESTE DO OLHINHO

O Teste do Reflexo Vermelho (TRV), conhecido como teste do olhinho, é outra medida essencial. Ele já é obrigatório por lei em quase todos os estados brasileiros, inclusive no Distrito Federal, e também deve ser realizado pelo pediatra ainda na maternidade para detectar muitas doenças oculares, inclusive a catarata infantil e o glaucoma congênito.

“O exame é simples, rápido e indolor. Ele consiste na identificação de um reflexo vermelho, que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê, como nas

fotografias. Para que este reflexo seja visível, o eixo óptico precisa estar livre de obstáculos à entrada e à saída de luz pela pupila. Se isso acontecer, significa que

criança não tem nenhum impeditivo ao desenvolvimento da sua visão”, explica a especialista da Oftalmed. “Caso contrário, é preciso realizar uma consulta oftalmológica imediatamente”, acrescenta.

ESTRABISMO E AMBLIOPIA

Se os pais percebem um ‘olhar estranho’, com pescoço inclinado ou cabeça girada, devem procurar um oftalmologista, pois pode se tratar de estrabismo (olhos tortos). O tipo mais comum desse desvio ocular, com um dos olhos para dentro (endotropia), ocorre em crianças até os três anos de vida, sendo muito frequente entre bebês de seis meses a um ano. Normalmente, o tratamento desse tipo de estrabismo é cirúrgico.

“Quando não tratado precocemente e de forma correta, o estrabismo pode fazer com que a criança não desenvolva corretamente funções visuais como a fusão de imagens e a noção de profundidade. O problema também potencializa o risco de desenvolver doenças como a ambliopia, conhecida como ‘olho preguiçoso’ e caracterizada pelo não estímulo do olho que fica desviado por mais tempo, além de transtornos psíquicos. Normalmente, o tratamento desse tipo de estrabismo é cirúrgico”, revela a médica especialista.

A ambliopia acomete cerca de 2% a 3% das crianças no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Ela deve ser tratada assim que diagnosticada. Se não for corrigida até os oito anos de vida, a criança possivelmente terá uma baixa visual por toda vida. O tratamento mais utilizado é o uso de tampão ocular no olho de melhor visão por mais tempo, para que estimule o olho amblíope.

Além do estrabismo, a falta de correção para problemas refrativos como miopia, astigmatismo e hipermetropia, e outras doenças como pálpebra caída, catarata congênita, glaucoma e alterações na córnea podem causar a ambliopia.

BEBÊS PREMATUROS

Os recém-nascidos prematuros necessitam de maiores cuidados, pois podem não desenvolver a retina corretamente. Quando nascidos abaixo de 32 semanas gestacionais e com peso abaixo de 1,5kg, esse risco aumenta.

Além do teste do olhinho, eles necessitam passar por exames feitos por um oftalmologista quatro semanas após o parto. Caso haja alguma alteração, o bebê deve ser acompanhado pelo médico e, eventualmente, submetido a tratamentos com laser ou injeções na cavidade posterior do olho acometido.

ACUIDADE VISUAL

Segundo a oftalmologista Luciana Dias, a acuidade visual da criança – capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos – deve ser medida a partir de seis meses de vida. Cada olho deve ser testado separadamente e, caso a criança não siga o objeto apresentado ou se irrite muito ao fechar um dos olhos, ela também deve ser encaminhada a um especialista. Aos três anos, a criança já consegue dar informações sobre desenhos colocados em uma tela a seis metros de distância. Já a partir de cinco anos, a maioria das crianças reconhece as letras e podem ser avaliadas com tabelas desta forma.

COMO A CRIANÇA ENXERGA

Ao nascer, a criança vê tudo embaçado porque a sua mácula, região da retina onde se dá a visão central, continua a se desenvolver até o sexto mês de vida, quando ela começa a enxergar com a nitidez de um adulto.

Funções visuais mais desenvolvidas, chamadas de secundárias, surgem em seguida. A fusão, quando o cérebro une as imagens formadas em cada olho e as tornam uma só; a binocularidade, que significa enxergar com os dois olhos ao mesmo tempo; e a estereopsia, traduzida como a noção de profundidade, seguem em desenvolvimento até os dois anos de vida.

O exame da criança é simples e deve ser preferencialmente realizado por um médico oftalmologista pediátrico.

OFTALMED – Com 23 anos de tradição no Distrito Federal, a Clínica OFTALMED possui unidades na Asa Sul, Taguatinga e Águas Claras e realiza mais de 14 mil atendimentos mensais, entre consultas e exames clínicos. Além do atendimento clínico geral, a OFTALMED oferece atendimento especializado em catarata, refrativa, retina, glaucoma e cirurgia plástica.

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