Um Presente Chamado Vida

Numa auto-estrada, um carro a uma alta velocidade. Nele, cinco pessoas: além de mim, duas irmãs, minha mãe e à direção, meu amor.

A um determinado tempo percebemos que o carro perde o freio. Tentamos reduzir a velocidade e fazer o carro parar, mas sabemos que em pouco tempo iremos bater.

Dentro de poucos segundos, só me resta o tempo necessário para despedir-me daquelas pessoas tão importantes em minha vida, com um “Eu te amo” e no máximo um beijo.

A morte pode chegar para todos ou só pra mim, e posso não vê-los mais aqui, na Terra. Só nos veremos no céu ou se apenas perder os sentidos, nos veremos em algum ponto do futuro. De qualquer maneira o tempo ou as dimensões irão nos separar.

Sinto meus sentidos sumirem, não sei mais onde estou. Devo escolher duas cores para levar comigo, entre várias faixas cromáticas. Julgo ir para outra dimensão não terrena, para o alto. Escolho o verde e o vermelho, ou o azul e o laranja, não estou bem certa.

Poucos instantes se passam e acordo em casa, vejo meus pais e irmãs. Tenho a impressão de que muito tempo se passou aqui na Terra; creio que estive desacordada. Pelas paredes de casa observo vários retratos meus, em alguns estou deformada. Ouço-os dizendo para que suba aos cômodos de cima e veja como as coisas mudaram. Nossa casa, antes incompleta, agora já parece de todo terminada.

Fico feliz por ter voltado aqui, ao convívio daquelas pessoas. Não consigo dizer nada, apenas consigo andar até eles e abraçar-lhes. Lágrimas caem de meus olhos. Mesmo sem a fala e a beleza, sinto-me imensamente grata a Deus por ter me concedido novamente a Vida.

Abro os olhos e percebo que tudo não passou de um sonho. Sinto-me muitas vezes mais grata, pois vejo que minhas bênçãos são muito grandes. E choro de alegria, pois hoje recebi um presente chamado Vida.

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